CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA E FISIOPATOLÓGICA

1. Orgânicas

   1.1 Mecânicas (tumores, processos inflamatórios, malformações congênitas, etc.).
   1.2 Neurogênicas (agangliose ou doença de Hirschsprung, megacólon chagásico, lesões da medula, etc.).
   1.3 Metabólico-hormonais (hipotireoidismo, hipoparatireoidismo, hipercalcemias, etc.).
   1.4 Debilitação física e senilidade.
   1.5 Gravidez
   1.6 Outras

2. Funcionais 2.1 Diminuição do limiar reflexogênico (constipação simples).
   2.2 Condições psicogênicas e cólon irritável.
   2.3 Dietas pobres em fibras. Falta de exercício.
3. Medicamentosas

   Causas mais freqüentes: béquicos; anticolinérgicos; opiáceos, antiácidos a base de alumínio, bismuto e cálcio; hematínicos; antidepressivos; anticonvulsivantes, etc.

TRATAMENTO

• Dieta e exercícios físicos
  As dietas ricas em fibras estão indicadas praticamente em todas as formas de constipação. São dietas nas quais as verduras são abundantes, ao lado do arroz integral, do pão de trigo ou de centeio integrais. O farelo de trigo, constituído pela cutícula do trigo, é particularmente útil. Emprega-se na dose de duas colheres das de chá , três vezes ao dia.

  As dietas ricas em fibra podem promover meterorismo de modo geral acomodável, não se constituindo em limitação a este tipo de dieta.

  Os exercícios físicos, adaptados à idade e sexo, desde as marchas simples, aos jogos, natação e ginásticas, são benéficos no tratamento das constipações.

• Reeducação intestinal e hábitos
  A indução lenta, não-obsessiva, a criação de hábitos e horários constituem-se em medidas terapêuticas úteis. A instalação de tais hábitos, em horários adequados, evitarão também as inibições que, por contingência da vida social e do trabalho, surgem invariavelmente.
• Tratamento medicamentoso
  Antes de considerarmos as drogas laxantes, insistimos sobre a necessidade de se considerarem os medicamentos constipantes, cuja supressão, sobretudo em pessoas idosas e crianças, às vezes constitui o tratamento básico da constipação.

Os agentes hidrofílicos, como as dietas de fibra, absrvendo água, aumentam e amolecem o bolo fecal, elevando o peso das fezes. Nas pessoas bastante idosas, devem ser usados com cuidado, com abundante diluição aquosa, pois poderiam favorecer impactação de fezes.

Emolientes e Umectantes - diminuem a tensão superficial e amolecem as fezes. Os principais são o dioctilsulfossuccianato de sódio (DSS) e o óleo mineral (óleo de petróleo, óleo de parafina). Os óleos minerais não são aconselháveis, podendo ocasionar efeitos adversos, como interferir com a absorção de substâncias lipossolúveis e favorecerem pneumopatias lipoídicas.

O DSS pode ser usado, não sendo isento, entretanto, de certo risco, pois é absorvido pelo intestino e excretado pelo fígado, com potencial hepatotóxico.

Polifenólicos - a fenolftaleína está praticamente em desuso. A oxifenisatina não deve ser utilizada em virtude de se terem descrito hepatopatias a ela relacionadas.

O bisacodil, é largamente usado, sem incovenientes maiores, a não ser a possibilidade de cólicas abdominais.

Antitraquinomas - a este grupo pertencem o sene, extraído da Cassia acutifolia, além de cáscara sagrada e do danthron.

O sene, destituído de efeitos secundários inclusive para a gestante, é de grande utilidade no tratamento da constipação das pessoas idosas.