RELATIVO AO PROGRAMA APRESENTADO EM 27/11/2006 NA TV CULTURA (Refluxo Gastroesofágico)
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Dr. Ricardo Barbuti |
Prof. AA Laudanna |
Dra. Esther Laudanna |
Refluxo gastroesofágico
O refluxo gastroesofágico consiste na volta da secreção do estômago para o esôfago com conseqüente inflamação do esôfago, que se denomina esofagite. O esôfago é um órgão tubular, com musculatura própria que conduz os alimentos ao estômago. Na passagem entre o esôfago e estômago há um segmento de pressão aumentada dentro do esôfago que se chama esfíncter inferior do esôfago. É esse esfíncter que normalmente bloqueia a volta do conteúdo do estômago para o esôfago. Refluxos isolados e insignificantes ocorrem mesmo na pessoa normal. O refluxo gastroesofágico é uma condição de doença em que o conteúdo líquido do estômago volta com freqüência para o esôfago. Esse refluxo é denominado refluxo gastroesofágico. Como a secreção gástrica é ácida, esse acidez irrita e inflama o esôfago, causando esofagite. O refluxo gastroesofágico pode ser muito intenso, atingindo porções altas do esôfago, inclusive chegando à boca. Por essa razão, além da esofagite, o refluxo gastroesofágico pode irritar a região oro-faringeana, ocasionando inflamações na “garganta” tipo faringites e amigdalites químicas. Esse refluxo pode atuar também na árvore respiratória, favorecendo ou promovendo bronquites. O refluxo gastroesofágico é mais freqüente na pessoa obesa, comentou o Prof. Laudanna, pois a pressão intra-abdominal que a obesidade promove repercute-se para transição estômago-esôfago, contribuindo para o refluxo.
Sintomas
O refluxo gastroesofágico ocasiona queimação ou dor atrás do esterno, sintomas que os médicos denominam pirose retro-esternal. O esterno é o osso que sentimos na face anterior do tórax (no peito). O conteúdo líquido do refluxo pode chegar até a boca, despertando a pessoa à noite com queimação, tosse ou dor. O refluxo gastroesofágico ocasiona, pois, queimação e mesmo dor como dissemos, explicou o Dr. Ricardo Barbuti, convidado do dia. Por provocar dor o diagnóstico diferencial das dores no tórax inclui o refluxo gastroesofágico. Não apenas as causas cardíacas doem no tórax e no “peito”, embora as causas cardíacas devam ser desde logo afastadas. O refluxo gastroesofágico agredindo a mucosa do esôfago pode favorecer o câncer de esôfago, câncer esse que vem crescendo no mundo. O refluxo manifesta-se também por tosse, pode promover quadros oro-faringeanos, bem como interferir em doenças broncopulmonares. O diagnóstico é feito pelos sintomas, pela endoscopia e por métodos que avaliam a altura de acidez do esôfago, através de pequenas sondas passadas pelo nariz, que registram a pressão do esfíncter inferior do esôfago, e a altura que a acidez alcança no esôfago. Essa acidez é medida pelo pH. Diversos métodos são usados nessa avaliação diagnóstica, sendo o mais atual o que utiliza a técnica da impedância. O refluxo gastroesofágico pode ou não estar associado às hérnias diafragmáticas, disse a Dra. Esther Laudanna. As hérnias diafragmáticas são hérnias internas que ocorrem na passagem esôfago-estômago: nessa altura o diafragma apresenta uma passagem (hiato), que é atravessada pelo esôfago. Por isso se fala em hérnia hiatal ou hérnia diafragmática. É o estômago que penetra nesse hiato e nisso consiste a hérnia. O refluxo é tratado no mais das vezes clinicamente, podendo ser corrigido cirurgicamente quando necessário. Emagrecer faz parte do tratamento. Atualmente existem medicamentos que bloqueiam a ação de ácido, protegendo assim o esôfago. Quando existem hérnias, e se a hérnia for relativamente grande está indicado o tratamento cirúrgico. As hérnias pequenas são controladas com medicação. Outro recurso é a elevação da cabeceira da cama, dificultado assim a possibilidade de refluxo. Grande parte dos pacientes operados após alguns anos voltam a apresentar sintomas e necessitam, também, proteção medicamentosa.
Fatores agravantes
A Dra. Esther Laudanna comentou que o álcool, o fumo, o próprio café, os doces concentrados e o chocolate são agravantes das esofagites, provocadas pelo refluxo gastroesofágico. Acentuou também que na criança o assunto é diferente. No bebê é comum uma regurgitação gástrica que não tem significado maior. O refluxo é normal na criança até um ano, um ano e meio ou até mais. Existe o problema do refluxo gastroesofágico na criança, mas é condição rara. Foi comentado também o esôfago de Barret que é favorecido pelo refluxo gastroesofágico, comentou o Dr. Ricardo Barbuti. É uma modalidade de alteração do esôfago que favorece a possibilidade de câncer do esôfago e precisa ser vigiada pela endoscopia a cada ano.
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