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RELATIVO AO PROGRAMA APRESENTADO EM 18/09/2006 NA TV CULTURA
(Cirurgia laparoscópica)

Prof. J.J. Gama Rodrigues
Prof. AA Laudanna
Dra. Esther Laudanna

O que é cirurgia laparoscópica?

Cirurgia laparoscópica são operações em que um aparelhamento ótico, sem abertura da cavidade abdominal, é utilizado para observar os órgãos internos, no caso do abdome, e intervir sobre eles, realizando-se assim a operação, sem abertura do abdome com bisturi. Não há propriamente ferida operatória mas orifícios geralmente em número de três ou quatro. Comumente se entra na cavidade abdominal na altura do umbigo, sendo a cavidade previamente protegida por insuflação de ar, ou mais precisamente de CO2. Este gás forma um coxim que protege os órgãos internos e permite o deslocamento do instrumental operatório. A cirurgia laparoscópica, comentou o Prof. Gama, convidado especial, foi uma evolução da laparoscopia clínica, que visava essencialmente o diagnóstico, técnica essa aliás, praticada entre nós pelo Prof. Laudanna, ao lado do Dr. Mitja Polak, que se notabilizou neste assunto. Os órgãos que ocupam o abdome comentou a Dra. Esther Laudanna, são o fígado, a vesícula biliar, o estômago, os intestinos, incluindo o cólon, o baço, e o pâncreas. Os órgãos e genitais femininos como útero e ovário, são adequadamente vistos e acessíveis. Esta modalidade cirúrgica que se desenvolveu em São Paulo apresenta vantagens em relação à cirurgia aberta, pois o período de recuperação do doente é muito rápido, com internações curtas inclusive de um dia apenas e não perdem em precisão. É preciso contudo que a indicação esteja correta, a equipe treinada, os riscos cárdio-respiratórios bem considerados, de tal modo que a cirurgia aberta continua a existir e nem sempre pode ser substituída por cirurgia laparoscópica. A propósito da equipe treinada, salientou o Prof. Gama o papel do anestesista, que é médico fundamental na execução dessa modalidade cirúrgica.

Quais as operações laparoscópicas mais freqüentes em cirurgia do aparelho digestivo?

As operações sobre a vesícula, as hérnias da transição esôfago-estômago (hérnias diafragmáticas) e a correção do refluxo gastroesofágico são as mais freqüentes, disse o Prof. Laudanna. Cirurgias mais ousadas, como as apendicites agudas e até mesmo intervenções sobre o fígado, os cólons e o pâncreas, cada vez mais se aperfeiçoam na medida em que a competência cirúrgica é cada vez mais prudente e segura do que faz, sabendo deter-se em seus limites. O instrumental, disse o Prof. Gama, é cada vez mais adequado e ressaltou que o aparelho se acompanha de uma câmera, a qual transmite a imagem para um monitor de vídeo, através do qual o cirurgião e seus auxiliares, observam cada passo do que executam. Salientou ainda que a aparelhagem permite ver com um aumento de 18 vezes, o que tem significado na precisão cirúrgica, no reconhecimento de órgãos, artérias e veias. No campo do câncer, ainda pelas palavras do Prof. Gama, os critérios de intervenção, estabelecidos pelas sociedades médicas e pelos especialistas, devem ser rigorosamente seguidos, de tal modo que cada circunstância, na individualidade dos pacientes e dos casos, deve ser analisada.

E nas crianças? E o refluxo na infância?

Sobre esse tema se manifestou a Dra. Esther Laudanna, dizendo que o refluxo gastroesofágico é fisiológico na criança até um ano e meio aproximadamente. Não constitui nesses casos, doença. Pode haver situações diversas em que a criança, em seu pequeno espaço abdominal e com a delicadeza maior de seus órgãos, deva ser operada e pode sê-lo com proveito pela técnica laparoscópica, respeitados todos os critérios de experiência e cautelas já citados. O Prof. Gama adicionou seus comentários sobre o adestramento dos cirurgiões, cujas práticas primeiras se iniciam em manequins entre outros recursos dos laboratórios de ensino de técnica cirúrgica. Acrescentou ainda, que existem aparelhagens próprias para crianças, de pequenas dimensões, com equipamentos de 3mm de diâmetro e mais recentemente até de 2mm.

 

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