FUGESP
Revista de Hepatologia - MORFOLOGIA HEPÁTICA (aspectos de interesse clínico)
Maio/Junho 2000

CURSO DE HEPATOLOGIA

MORFOLOGIA HEPÁTICA (aspectos de interesse clínico)

Dra. Claudia P.M.S. Oliveira
Médica pesquisadora da Disciplina de Gastroenterologia da FMUSP

O fígado, a maior glândula do corpo humano, apresenta formato triangular ou semelhante a um hemicone à visão ântero-posterior. Pesa em torno de 1.200 a 1.600g no adulto, localizando-se no quadrante superior direito do abdome (hipocôndrio direito estendendo-se para o epigástrio). Sua superfície superior acomoda-se à superfície inferior do diafragma e a inferior apoia-se sobre as vísceras do abdome superior. É envolto por uma cápsula fibro-conjuntiva denominada cápsula de Glisson e também por peritônio propriamente dito em quase toda sua extensão, exceto em uma pequena área, na sua face póstero-inferior próximo à veia cava inferior, onde está em contato direto com o diafragma (área nua) e ao nível da fosseta biliar.

Dividido anatomicamente em 2 lobos: direito e esquerdo, separados anteriormente pelo ligamento falciforme; inferiormente pela fissura do ligamento de teres; posteriormente pelo ligamento venoso. O lobo direito é ainda subdividido em lobo quadrado inferiormente e lobo caudado posteriormente.

Setores e segmentos anatomocirúrgicos do fígado, separados por planos fissurais. Os cincos setores são: posterior (I), lateral esquerdo (II), paramediano esquerdo (III + IV), paramediano direito (V + VIII) e lateral direito (V + VI). Os segmentos portais são I e VIII e os venosos hepáticos são: 1 ou posterior (azul), 2 ou esquerdo (róseo), 3 ou intermédio (amarelo) e ou direito (verde).
(DiDio, 1999).

Funcionalmente o fígado é dividido em 8 segmentos (I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII) segundo as subdivisões dos sistemas vasculares arterial e venoso, assim como sua drenagem biliar. É a chamada divisão segmentar ou setorial ou cirúrgica (Fig.1). Os segmentos I,II,III e IV correspondem ao lobo esquerdo. Os segmentos V,VI,VII e VIII ao lobo direito. Esta divisão segmentar auxilia as ressecções e lobectomias hepáticas, pois cada um destes segmentos são "independentes", ou seja, quando se resseca cirurgicamente um segmento, o outro se mantém funcionalmente hígido.

Em circunstâncias normais, pode-se palpar o lobo direito no rebordo costal direito ao nível da linha hemiclavicular. O lobo esquerdo, habitualmente não é palpável. Contudo, em condições patológicas, quando aumentado (hepatomegalia), pode ser palpado na região epigástrica.

Quando se consegue palpar o fígado deve-se analisar tamanho, consistência, superfície e bordas. Nas hepatites agudas, geralmente o fígado apresenta-se doloroso, aumentado globalmente de tamanho, consistência fibro-elástica, superfície e bordas lisas.

Nas hepatites crônicas e cirroses a consistência varia de discreta a muito aumentada; o tamanho de aumentado a atrófico e impalpável; a superfície pode ser irregular ou nodular e as bordas geralmente são rombas.

Na esquistossomose mansônica, a consistência hepática encontra-se aumentada, a superfície pode ser irregular e o lobo esquerdo proeminente.

Nas neoplasias primárias ou secundárias a consistência pode ser muito endurecida e até lenhosa.

Caracteristicamente o fígado recebe um aporte sanguíneo elevado (ao redor de 25% do débito cardíaco), do qual cerca de 70% circula pela veia porta que recebe as veias esplênica e mesentérica superior, contribuindo a artéria hepática com os restantes 30%.

Esta dupla irrigação (venosa e arterial) confere ao fígado algumas peculiaridades e elevada capacidade metabólica.

 

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