LINFOMA
DO MEDITERRÂNEO OU DOENÇA DE CADEIA ALFA
Dr. Antonio A. Laudanna
(Reedição eletrônica)
É
um linfoma do intestino delgado e que "nasce" no próprio intestino.
É importante conhecê-lo, embora seja um tumor raro.
O linfoma
do Mediterrâneo pertence ao grupo das doenças imunoproliferativas.
É um linfoma que habitualmente se apresenta em duas fases, sendo
a primeira, que ocupa aproximadamente seus dois anos iniciais, de aparência
essencialmente inflamatória. Nesta fase, tais linfomas são
designados pela sigla IPSID, significando "imunoproliferative
small intestinal disease".
CARACTERÍSTICAS
CLÍNICAS
Iniciam-se
por quadro diarréico que logo passa a esteatorréia (perda
de gordura pelas fezes), habitualmente intensa. Via de regra, o linfoma
do Mediterrâneo determina esteatorréia e é sempre
descrito no capítulo das má-absorções.
As fezes esteatorréicas são tipicamente volumosas, brilhantes
e bolhosas, assumindo, pois, características diferentes das diarréias
comuns, que são essencialmente aquosas.
O paciente apresenta,
pois, má absorção, emagrecimento, esteatorréia
e sinais de desnutrição, na fase inicial.
Os
seguintes parâmetros são próprios do linfoma do
Mediterrâneo ou doença da cadeia alfa:
- O linfoma é
difuso, mas compromete mais o delgado superior;
- Ocasiona esteatorréia
geralmente intensa e má absorção;
- Com freqüência,
apresenta-se em indivíduos relativamente jovens, com idade
entre 20 e 30 anos;
- Acomete preferencialmente
árabes e judeus, tendo incidência prevalente no Oriente
Médio;
- Além
de diarréia e esteatorréia, pode ocasionar dores abdominais,
hipocalcemia, febre e baqueteamento dos dedos.
PERGUNTAS
E RESPOSTAS
Por
que se denomina doença de cadeia alfa?
Porque as células tumorais, no mais das vezes células
plasmocitóides, produzem imunoglobulina anômala (tumoral),
constituída apenas por cadeias alfa (a). As imunoglobulinas normais
são, por sua vez, formadas por duas cadeias leves e duas cadeias
pesadas. A cadeia 'a' é cadeia pesada.
Por essa razão, o linfoma do mediterrâneo está incluso
entre as doenças de cadeia pesada, porque produz imunoglobulinas
anômalas, só constituídas por cadeias pesadas.
Na
fase inicial da doença já se percebem, à histologia
do delgado, atipias celulares?
Habitualmente não. Na fase inicial, também denominada
IPSID, o paciente melhora espetacularmente com antibióticos,
como tetraciclina, por exemplo. Nesta terapêutica ocorrem recuperação
de peso, regressão da esteatorréia, mas a doença
vai voltar na forma de linfoma bem definido, clínica e cirurgicamente.
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Aspecto
histológico do Linfoma do Mediterrâneo.
Vê-se intenso infiltrado linfo-plasmocitário com
o espessamento do córion. |
Como
costuma ser a eletroforese dos pacientes?
A eletroforese revela hipergamaglobulinemia e poderá apontar
o aspecto monoclonal dos linfomas.
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A
imuno-eletroforese tem maior sensibilidade para
revelar a imunoglobulina anômala. |
Existe algum outro
meio para caracterizar o diagnóstico?
Através da
coloração imuno-histoquímica da biópsia
do delgado. Por meio da imuno-histoquímica, utilizando-se anticorpos
monoclonais e imunoperoxidase, pode-se revelar a imunoglobulina monoclonal
no material de biópsia.
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