ESTÔMAGO
I - MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DAS
ÚLCERAS PÉPTICAS GASTRODUODENAIS
Vistas em conjunto as manifestações
clínicas das úlceras pépticas gastroduodenais apresentam-se
por dor, pirose epigástrica ou retroesternal, regurgitação,
"dor de fome", hematêmese e melena.
DOR A TRÊS TEMPOS
É a dor típica da úlcera péptica duodenal.
Trata-se de dor rítmica e periódica. Diz-se rítmica
em relação à alimentação, no sentido
de os alimentos aliviarem ou suprimirem a dor. Fala-se então, que
a dor obedece ao rítmo:
DOE COME PASSA
As úlceras gástricas também mostram rítmo,
não sendo incomum que a dor volte mais precocemente do que na úlcera
duodenal, descrevendo-se como mais típico de úlcera gástrica
o rítmo a quatro tempos:
DOE COME PASSA DOE
As dores das úlceras pépticas gastroduodenais são
dores periódicas. Isto que dizer que, percorrido um período
de dor da ordem de 10 a 15 dias, a dor desaparece, para reaparecer meses
ou muitos meses após. Faz períodos assintomáticos,
donde se dizer periódica .
SINTOMAS ASSOCIADOS
Além do que é típico, como ficou acima exposto, existem
sintomas associados, determinados por fisiopatologias diversas tipo pirose
epigástrica ("queimação" epigástrica), "cãibra"
do estômago, "dor de fome", eructações e pirose retro-esternal.
LOCALIZAÇÃO DA DOR
A localização das dores das úlceras pépticas
gastroduodenais é tipicamente epigástrica; são dores
contínuas de intensidade variável, não em cólica.
Tais dores, embora tenham predileção pelo epigástrio,
podem deslocar-se em direção aos hipocôndrios e raramente
ocupam a região dorso-lombar. Essa localização pode
indicar periviscerite ou úlcera pós-bulbar. À palpação
profunda do abdome é frequente , no caso das úlceras pépticas
gastroduodenais , que a região epigástrica seja eletivamente
dolorosa.
MANIFESTAÇÕES ATÍPICAS E DE COMPLICAÇÕES
As principais complicações das úlceras pépticas
gastroduodenais, são:
- Hemorragias
- Estenoses
- Perfurações
Os sangramentos variam de grau, desde pequenos e "ocultos"através
das fezes, à hematêmese e melena francas. O tratamento
clínico-endoscópico tem solucionado a maioria dos casos
com complicação hemorrágica, que já não
são mais primariamente cirúrgicos, havendo excessões.
As estenoses, no seu limite máximo são essencialmente
cicatriciais e, antes dessa fase, passam por períodos inflamatórios
reversíveis . As perfurações ocasionam o abdome
agudo na apresentação clássica do "abdome em tábua".
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Na fase atual e moderna da
terapêutica anti-úlcera (bloqueadores H2, bloqueadores de
bomba protônica, combate ao "Helicobacter pylori", etc...) ainda
é importante conhecer a sintomatologia clássica das úlceras?
Claro que sim. É verdade que medicamentos muito eficientes
têm modificado a história natural das úlceras , mas
o médico precisa conhecer a clínica clássica para
entrever os diagnósticos diferenciais, atuar bem nas complicações
e na terapêutica.
Pode acontecer de o câncer
incipiente ser confundido com úlcera péptica?
É situação rara mas pode. Há anos
passados, quando se punha essa dúvida, fazia-se o teste terapêutico
das quatro semanas, prontamente seguido de novo exame radiográfico.
As endoscopias e biópsias atuais praticamente afastaram de todo
a possibilidade de erro, entretanto, ainda pode ocorrer o não
reconhecimento do câncer. É preciso estar atento, mesmo
após melhora inicial com a terapêutica e repetir-se a endoscopia
no tempo oportuno, assistindo-se a cura efetiva da úlcera. Existem
casos difíceis, embora raros, nos quais por detrás da
dita úlcera péptica benigna, está assestado processo
neoplásico.
O que dizer a respeito
da incidência das úlceras em relação a sexo
e idade?
As úlceras pépticas têm sua maior incidência
por volta dos 40 anos, mas são frequentes nos jovens de 25 a
30 anos. É mais frequente no homem do que na mulher e a úlcera
duodenal é mais frequente que a úlcera gástrica.
Incide mais nos tabagistas.
Aspecto endoscópico
de úlcera gástrica péptica recoberta
por camada de fibrina de aspecto esbranquiçado.
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