PERDA
INTESTINAL DE PROTEÍNAS
Os
valores numéricos da albumina sérica,
um dos principais índices de nutrição,
podem modificar-se no sentido de apresentarem menor
concentração (hipoalbuminemia sérica),
por diversas causas, além, naturalmente do
menor aporte alimentar.
A albumina é sintetizada na célula hepática.
Na insuficiência hepática há queda
de albumina sérica por falta de síntese.
Assim, é típico das cirroses hepáticas
o traçado eletroforético representando
por queda da albumina e, por razões não totalmente
esclarecidas, elevação das globulinas,
de gama globulina (as globulinas são produzidas
pelo sistema imunológico e não pela
célula hepática).
De longa data se conhece a hipoalbuminemia por perda
renal de albumina, como acontece nas nefroses. Nas
síndromes nefróticas, nas quais o paciente
perde cerca de 5g/dia de albumina pela urina, ocorrem
hipoalbiminemia e albuminúria. Nestes casos
o paciente apresenta edemas.
Hipoalbuminemia por perda entérica de proteínas
é conhecimento relativamente recente, das décadas
de 60 e 70. O quadro foi inicialmente descrito por
Waldmann T..A. (Gastroenterology 50:422,l966), descrevendo
perda entérica por via linfática, através
de dilatações linfáticas nas
vilosidades intestinais, denominando a moléstia
de linfangectasia idiopática intestinal - "protein
loosing enteropathy ". São más formações
linfáticas que atingem, também, a parede
intestinal.
Nossas próprias investigações
(Laudanna, A. A., Kieffer, J. e colabs.-l972) levaram-nos
a descrever a perda intestinal de proteínas
em conseqüência à blastomicose intestinal,
onde condição determina bloqueio e dilatação
linfática intestinal, nesses casos devido à
presença do Paracoccidioides brasiliensis.
A fotografia que constitui a "imagem deste número"
é de uma paciente na qual descrevemos importante
perda entérica de albumina em pessoa desnutrida
e portadora de maciça estrongiloidíase
intestinal(Laudanna, A. A. ,Kieffer e colabs,-1975).
É
interessante assinalar que os pacientes perdedores
de proteínas por via intestinal, perdem também
imunoglobulinas pelo mesmo trajeto, e inclusive linfócitos,
tornando-se portadores de imunodeficiência secundária
.
Ao tempo em que estudamos esse assunto, colaborando
com o brilhante e inesquecível Júlio
Kieffer, participamos do desenvolvimento das diversas
técnicas aplicadas à quantificação
da perda intestinal de proteínas. O método
que se mostrou de excelente precisão é
aquele em que se utiliza a albumina marcada pelo cromo
radioativo, que é injetada na veia, em dose
conhecida, quantificando-se a albumina cromada nas
fezes e no sangue. O assunto é longo, importante
e interessante. A ele voltaremos em outra oportunidade.
Responda às perguntas
4. Cite alguns exemplos de patologias que ocasionam
perda de albumina, determinando hipoalbuminemia.
5.
Considerando o relato acima, o que entende por imunodeficiência
secundária?
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