HALITOSE
(mau hálito)
Dr. Antonio A. Laudanna
A
halitose é assunto importante para a clínica gastroenterológica.
É freqüente
que o paciente procure o gastroenterologista por mau hálito, declarando
a queixa ao médico ou, por vergonha até do médico, ocultando-a por trás
de outras apresentações, tais como: "sofro do fígado", " tenho mau gosto
na boca", "tenho colite" e assim por diante.
Outras
vezes chega mais esclarecido e determinado: "Tenho mau hálito".
Comumente,
moços e moças, gente jovem, como é natural, consideram-se diante de
um problema que acreditam ser insolúvel para a medicina. São pessoas
atormentadas, torturadas, escravas do chiclete, inseguras na vida social
e afetiva.
Se
nos moços a queixa é mais freqüente, na verdade essa condição mórbida
existe em todas as idades.
O médico
deve proceder como em qualquer queixa clínica, procurando as causas
através do exame geral, da história clínica, exame físico completo,
inclusive avaliando o psiquismo também.
Classificamos
abaixo as halitoses, deixando ressalvado que todas as classificações
são muito suscetíveis a falhas.
CAUSAS
DA HALITOSE
- Causas situadas
na boca
- dentes, próteses
e gengivites
- língua saburrosa
e estomatites
- amigdalites e
faringites
- Causas situadas
nas proximidades da boca e que se exalam por ela
- rinites
- rinofaringites
e amigdalites
- sinusites
- hábitos alimentares
e fumo
- patologias bronco-pulmonares
- patologias esôfago-gástricas
- Causas sistêmicas
- hálitos especiais:
hálito hepático, hálito cetônico, hálito urêmico
- transtornos ansiosos
e depressões
COMENTÁRIOS
GERAIS E TRATAMENTO
CAUSAS SITUADAS
NA BOCA: habitualmente será necessária a colaboração decisiva do
dentista.
É importante saber
que:
- Existem espaços
(microespaços) entre a gengiva e próteses, quer isoladas ou em bloco,
que são a sede da digestão salivar, proliferação bacteriana, desprendimento
de gases e mau odor.
- Nas gengivas,
em tais microespaços, existem bactérias, inclusive do tipo anaeróbias.
A passagem da fita dental e a possibilidade do uso regular dessa fita
são de vital importância no tratamento.
- As pontes fixas
costumam ser desastre! A atuação do médico e a ação do dentista solucionam
o problema.
- As gengivites,
estomatites, língua saburrosa e língua geográfica devem ser avaliadas
corretamente. Não se deve escovar a língua. As amigdalites e faringites
serão devidamente tratadas.
CAUSAS SITUADAS
NAS PROXIMIDADES DA BOCA E QUE SE EXALAM POR ELA: rinites, rinofaringites
e amigdalites, agudas ou crônicas, alérgicas, infecciosas ou mistas,
são tratadas, de regra, em colaboração com otorrinolaringologista e
eventualmente com o alergista.
É importante saber
que:
- O uso permanente
de vasoconstritores aplicados à mucosa nasal causam irritação por
si mesmos e mantêm rinite incurável.
- As misturas de
antibióticos com corticóides (de preferência de baixa absorção),
misturas essas em solução salina, quando usadas temporariamente, sob
supervisão médica, são de grande proveito.
- O paciente que
fala anasalado, ou com desvio do septo nasal, é diagnosticado no primeiro
contato com o médico.
- A pessoa deve
perceber o interesse do médico pelo seu caso, interesse, investigação
e meditação, não devendo o médico considerar a queixa como banal,
pois para o paciente é por demais importante.
- Bronquites crônicas,
bronquiectasias e doenças bronco-pulmonares podem influir no hálito.
- Causas esôfago-gástricas,
excluídas entre as outras, devem ser consideradas.
- O tabagismo,
sempre inconveniente, sobretudo se intenso, interfere negativamente
no hálito. É curioso que muitos pacientes erroneamente até fumem mais,
pensando que desse modo disfarçam a halitose.
- O uso de alho
e cebola deve ser levado em conta pelo médico e pelo paciente no contexto
das causas, avaliando o exagero do uso. Estes aspectos alimentares
alargam-se para outros alimentos, devendo o médico ficar atento, não
induzindo idéias inexistentes e não descurando as causas alimentares
eventualmente presentes.
CAUSAS SISTÊMICAS,
HÁLITOS ESPECIAIS
- hálito cetônico,
que aponta a cetose diabética e sua gravidade, não sendo propriamente
um mau hálito; é comparado ao odor de frutas e maçã.
- Hálito hepático,
que só a prática ensina a reconhecer: é mau hálito, denunciando grave
insuficiência hepática.
- Hálito urêmico,
comparado ao odor da própria urina, que aponta uremia grave.
- Transtornos
ansiosos
e depressões podem ser a causa de queixa de halitose.
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