DIAGNÓSTICO
DIFERENCIAL DAS ASCITES
Diversas
moléstias podem causar ascite, e não
apenas as hepatopatias crônicas. Além
das cirroses e esquistossomose, podem causar ascite
as inflamações do peritônio, a
carcinomatose peritoneal, a insuficiência cardíaca
congestiva, as nefropatias, hipoalbuminemia e outras.
Também devem ser lembrados os grandes cistos
de ovário, que não são propriamente
ascite mas se apresentam de modo semelhante.
No
diagnóstico diferencial das ascites devem ser
lembradas as hepatopatias, as carcinomatoses peritoniais,
pancreatites crônicas, pericardites , insuficiência
cardíaca, síndrome de Budd-Chiari, cisto
gigante do ovário, hipoalbuminemia, tumores
do peritônio, e peritonites crônicas.
ETAPAS
DIAGNÓSTICAS
- Exame
Físico
- Ultrassonografia
- Tomografia
Computadorizada (C.T.)
- Outros
Métodos de Imagem (Ressonância Magnética,
Angiografias) poderão ser necessários
- Exame
do líquido ascítico
ANÁLISE
DO LÍQUIDO ASCÍTICO
Amostragens
pequenas do líquido ascítico, obtidas
através de agulhas relativamente pouco calibrosas
(não inferior a 8), através de punções
da fossa ilíaca esquerda, permitem os exames:
Macroscópico
Citológico
Bioquímico
As
ascites das cirroses, que são transudatos,
são de cor amarelo - citrina, geralmente sem
turvação, enquanto que as ascites
hemorrágicas, são mais encontradas
na carcinomatose peritoneal e na tuberculose do peritônio.
Nos bloqueios linfáticos, com derramamento
intracavitário de linfa, o líquido é
de aspecto quiloso (cremoso, esbranquiçado,
opalescente). O líquido infectado pode tornar-se
turvo. Quando há derramamento de células
inflamatórias e proteínas em grau significativo,
o líquido é um exsudato.
As peritonites crônicas (ex. tuberculose) e
as carcinomatoses peritoniais apresentam ascite do
tipo exsudato.
O
TRANSUDATO, é translúcido, incoagulável,
com densidade entre 1005 e 1015, com conteúdo
protéico que não excede 2,5gr/100ml, sendo
a albumina seu principal constituinte.
O
EXSUDATO é turvo e opaco, com densidade
superior a 1015, tendo concentração
protéica e de colesterol relativamente elevadas.
A celularidade é abundante, inclusive representada
por células neoplásicas quando for o
caso.
O EXAME CITOLÓGICO COM QUANTIFICAÇÃO
DE CÉLULAS E
A PESQUISA DE CÉLULAS NEOPLÁSICAS É
FUNDAMENTAL |
Em estudo por nós realizado em 22 cirróticos
(Meckler, M. e Laudanna, A. A.) com líquidos
ascíticos estéreis encontramos a seguinte
celularidade:
leucócitos: |
240,27 |
+/- |
175,77/mL |
segmentados: |
99,68 |
+/- |
92,33/mL |
linfócitos:
|
147,18 |
+/- |
133,04/mL |
Concentração
de celularidade superior a 400 - 500 elementos/mL
deve levantar a suspeita de infecção.
PCGMA
P
- Proteínas totais e frações
C
- Colesterol
G - Glicose
M - Mucoproteínas
A - Amilase
A
solicitação do perfil PCGMA foi
bem definida, em avolumada experiência, por
Mitja Polak, que no Hospital das Clínicas da
FMUSP, estudou com qualidade internacional o diagnóstico
diferencial das ascites e o significado do exame bioquímico
do líquido ascítico.
Os
trabalhos desse pesquisador ombreiam-se com os melhores
existentes no mundo, tendo sido enorme sua contribuição
no estudo das peritoniopatias e ascites.
Foram
seus colaboradores mais próximos, além
de muitos discípulos, Airton Torres Costa e
Bernardo Bitelman, ambos do mesmo hospital e da mesma
escola.
Apresentamos
abaixo os diagnósticos obtidos por Mitja Polak
e colabs., entre os anos 1965 e 1985 em casuística
de 1.000 pacientes:
Diagnósticos
de Ascites |
%
|
Cirrose
hepática |
33,3 |
Carcinomatose
peritoneal |
13,6 |
Cardiopatia
congestiva |
13,2 |
Peritonite
tuberculosa |
13,0 |
Neoplasia
maligna do fígado |
5,5 |
Esquistossomose
hepatoesplênica |
4,5 |
Pancreatite
crônica |
2,6 |
Linfomas |
2,1 |
Obstrução
das vias hepáticas |
1,6 |
Blastomicose
sul americana |
1,6 |
Obstrução
da veia cava inferior |
1,4 |
Síndrome
nefrótica |
1,1 |
Cistos
ovarianos benignos |
1,1 |
Lúpus
eritematoso disseminado |
1,0 |
Perda
entérica de proteínas |
0,7 |
Hipoproteinemia
por desnutrição |
0,5 |
Peritônio
traumático |
0,4 |
Uroperitônio |
0,4 |
Fibrose
congênita do fígado |
0,4 |
Cole
peritônio |
0,3 |
Peritonite
esclerosante |
0,3 |
Fibrose
esclerosante |
0,3 |
Peritonite
bacteriana aguda |
0,2 |
Abscesso
hepático |
0,2 |
Derivação
peritoneal do líquido céfalo-raquidiano |
0,2 |
Pseudo
mixoma por mucocele do apêndice |
0,2 |
Pseudo
mixoma do peritônio por cisto adenoma
do ovário |
0,1 |
Escleroderodermia |
0,1 |
Estrongiloidíase
peritoneal |
0,1 |
Hipotiroidismo |
0,1 |
|