ENDOSCOPIA
EM AÇÃO
Dr. Shinichi Ishioda
Chefe do Serviço de Endoscopia do Hospital das Clínicas
da FMUSP
IMPORTÂNCIA
DA MANOBRA ENDOSCÓPICA
DE RETROVISÃO GÁSTRICA
Desde
os primórdios da gastroscopia, do advento dos primeiros gastroscópios
rígidos até os semiflexíveis de Rudolf Schindler,
o exame do fundo gástrico persistiu com áreas cegas para
o método endoscópico.
Nas
décadas de 50 e 60, o sistema da gastrocâmara desenvolvido
no Japão mostrou pela primeira vez o aspecto fotográfico
desta área do estômago. Entretanto, o exame radiológico
contrastado com a utilização da técnica do duplo
contraste aumentou sua eficácia para o diagnóstico de
lesões pequenas e inclusive do fundo gástrico, zona considerada
inacessível ao diagnóstico. Como naquela ocasião,
os exames radiológicos do estômago eram realizados com
maior freqüência como métodos de detecção
em massa do câncer gástrico e, também, em segunda
instância, como exames complementares mais detalhados para a confirmação
da primeira. A visão endoscópica do fundo gástrico,
pela gastrocâmara, não mereceu muito destaque.
Somente
após o advento do fibrogastroscópio introduzido por Hirshowitz,
por volta de 1958, e subseqüentes aperfeiçoamentos pelos
fabricantes japoneses, transformando-os em equipamentos de utilidade
clínica com capacidade para realização de biópsias,
é que se passou a valorizar a inspeção e a definição
dos diagnósticos diferenciais. Nestas condições,
a investigação do fundo gástrico tornou-se obrigatória
nos exames endoscópicos de rotina. À época, a manobra
específica foi denominada de Uturn, o que em nosso meio passou
a ser chamado de retrovisão.
Atualmente,
consegue-se identificar as lesões mais freqüentes desta
área, tais como: divertículo, leiomioma, câncer,
alargamento do hiato nas hérnias hiatais, varizes e outras afecções
variadas. Modernamente esta manobra, em associação com
acessórios adequados, permite a realização de diversos
procedimentos diagnósticos e principalmente terapêuticos.
No
caso específico das varizes de fundo gástrico, é
possível entre os métodos disponíveis a ligadura
com os endoloops e a embolização com cianoacrilato (Histoacryl®),
sendo esta última a mais praticada em nosso meio.
Fig.
1 - Aspecto do fundo gástrico em que se observa a entrada
do próprio endoscópio através da cárdia,
ao longo da pequena curvatura, e um novelo varicoso de tamanho
moderado. |
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