CURSO
DE NUTRIÇÃO - 1999
Tema
4 - |
IMPORTÂNCIA
DOS EXERCÍCIOS FÍSICOS NO EMAGRECIMENTO
Dra. Esther Laudanna
Médica consultora da FUGESP |
Em
artigo anterior falamos sobre os componente do gasto
energético, a saber: taxa metabólica
basal, atividade física e efeito térmico
dos alimentos. O gasto energético com o metabolismo
basal varia com a massa muscular, entre outros fatores,
sendo que quanto maior a massa muscular maior o gasto
energético no repouso (taxa metabólica
basal). Esta recordação rápida
é necessária para o entendimento da
ação dos exercícios físicos
no emagrecimento.
As
fibras musculares são conjuntos de fibrilas,
que por sua vez são um conjunto de filamentos,
os quais consistem basicamente de duas proteínas:
miosina e actina.
A
flexão do músculo é estimulada
por impulsos nervosos. Esse processo é contínuo,
de tal forma que mesmo em estado de relaxamento o
"tônus muscular" é mantido, às
custas de algum gasto de energia.
O
músculo esquelético é constituído
por vários tipos de fibras. A quantidade de
fibras musculares e a proporcionalidade de cada tipo
depende de herança genética e é
praticamente constante por toda a vida.
Até
os dezoito anos ocorre um engrossamento das fibras
musculares que corresponde a uma hipertrofia fisiológica.
Músculos mais grossos são músculos
mais fortes e gastam mais energia basal.
Os
músculos esqueléticos podem ser subdivididos
em:
-
Vermelhos (fibras tipo 1 responsáveis
por contração lenta) com
citoplasma rico em sarcoplasma, citocromo e mioglobina,
são fibras que dispõem de um melhor
suprimento vascular e estoque de triglicérides
maior.
-
Brancos (fibras tipo 2, contração
rápida simples), com menor suprimento
sangüíneo, menor concentração
plasmática de proteínas (citocromo
e mioglobina) porém, com maior capacidade
glicolítica.
Diferentes
atividades musculares com variações
de intensidade e duração consomem energia
de fontes diversas.
No
início, o ATP presente no citoplasma da miofibrila
é suficiente para uma atividade de força
por vários segundos. Continuando a requisição
de força, a célula dispõe de
uma reserva de fosfato de creatina (C P) que reage
com (ADP) resultante da quebra inicial do ATP: assim,
a célula dispõe de energia por mais
alguns segundos, conseguida sem o consumo de oxigênio.
Após
estes primeiros segundos de trabalho muscular, a miofibrila
consome a energia derivada dos nutrientes obtidos
pela alimentação. A fonte mais prontamente
disponível para fornecer ATP é o processo
de glicólise, no qual a glicose é oxidada
com ou sem a presença do oxigênio.
Quando o processo é aeróbio, o ácido
pirúvico é o produto final; quando o
processo é anaeróbio o produto final
é o ácido láctico. Em qualquer
dos dois caminhos a produção de ATP
é relativamente pequena. Se o trabalho muscular
continuar por mais de 1 ou dois minutos, a célula
passa a oxidar os nutrientes disponíveis no
sangue provindos da alimentação, através
do ciclo de Krebs, na mitocôndria, em presença
do oxigênio.
No início do exercício e com o aumento
da sua intensidade, a capacidade de o sistema cardiovascular
fornecer oxigênio será tanto mais eficiente
quanto melhor for o condicionamento físico.
Continuando
o exercício em intensidade e, se o organismo
não dispuser de suprimento adequado de oxigênio,
o músculo passa a obter energia pelo metabolismo
anaeróbio da glicólise, onde o produto
final, como já dissemos, é o ácido
láctico, que vai se acumulando na sangue, diminuindo
o pH a um nível em que interfere com a ação
enzimática, levando à fadiga.
Estivemos descrevendo os caminhos metabólicos
possíveis para a obtenção de
energia (ATP) pelo músculo. A manutenção
do aporte energético para o músculo
é conseguida pelo metabolismo de lípides,
açúcares e proteínas.
O carboidrato disponível é limitado
ao açúcar sangüíneo e aos estoques
de glicogênio no fígado e músculos;
ao contrário, o fornecimento potencial de ácidos
graxos dos depósitos de gordura são
essencialmente "ilimitados". Esclarecendo melhor:
após exercícios vigorosos, por tempo
prolongado, o organismo fica depletado dos açúcares
dos músculos, a tal ponto que às vezes
são necessários dias para a restauração
do equilíbrio corporal e muscular. Enquanto
isso acontece as reservas de gordura são mobilizadas
em escala relativamente pequena. Por essa razão
os exercícios devem ser progressivamente escalonados,
em proporção ao crescente condicionamento
físico.
O exercício bem praticado, com prévia
avaliação médica, ocasiona bem-estar,
eleva a auto estima e a competência física,
protegendo também o sistema cárdio-circulatório.
No
processo de emagrecimento, buscando-se o peso ideal,
é indiscutivelmente importante a simultaneidade
de exercício e orientação dietética.
Fica também lembrado que o exercício
físico combate a descalcificação
óssea, sendo essencial, entre outras medidas,
no tratamento da osteoporose.
CONTRAÇÃO
MUSCULAR E GASTO ENERGÉTICO
-
Exercícios de grande trabalho físico
que duram poucos segundos removem primariamente
as reservas de (ATP) adenosina trifosfato
e (CP) fosfato de creatina do citoplasma
da célula. Ex: os primeiros segundos dos
jogos de "handebol", "squash", esqui, corrida
de velocidade, bicicleta.
-
Exercícios de alta intensidade que estão
sendo praticados por mais de alguns segundos obtém
energia da glicólise pela via anaeróbia.
Ex: "handebol", "squash", esqui, corrida de velocidade,
bicicleta (competitiva).
-
Exercícios de baixa e moderada intensidade,
praticados além de 10 ou 20 minutos, obtém
energia principalmente dos ácidos graxos
(mobilizados do tecido gorduroso). Ex: natação
(não competitiva), tênis (não
competitivo), dança, caminhada rápida,
voleibol, andar de bicicleta. O esporte competitivo
requer condicionamento físico específico
e continuado; a falta de preparo físico
expõe o indivíduo a graves riscos:
esgotamento físico, "déficits" imunológicos
e/ou hormonais,l bem como riscos cardio-circulatórios,
inclusive agudos e fatais.
A
extensão de tempo que o exercício pode
ser sustentado pela queima de ácidos graxos
depende do condicionamento físico do atleta.
As
pessoas que se exercitam para perder gordura corpórea
devem ser capazes de prolongar os exercícios
por pelo menos uma hora, respeitando seus limites
físicos.
A quantidade de energia gasta durante um exercício
depende da intensidade e duração da
atividade, e das características individuais
do atleta (tais como: sexo, idade, nível de
condicionamento físico).
A
quantidade de energia gasta para iniciar uma contração
muscular é praticamente igual à energia
necessária para mantê-la, por isso os
esportes que requisitam contrações musculares
repetitivas, tais como corrida, remo, natação
e ginástica aeróbia, usam mais energia
do que aqueles que privilegiam a manutenção
da contração muscular, como a ginástica
olímpica, golfe, velejar.
O
bom condicionamento físico é fundamental
para uma melhor qualidade de vida. O excesso de peso
tem, entre os diversos fatores da sua instalação
e manutenção, o sedentarismo. Ao exercitar-se,
o indivíduo com sobrepeso gasta energia, melhora
a perfusão dos diversos órgãos,
melhora o condicionamento físico (aumentando
o fluxo de oxigênio aos tecidos), aumenta a
massa muscular e modifica o intricado metabolismo
orgânico que, mesmo sob restrição
calórica, resiste "teimosamente" a consumir
as energias acumuladas.
Responda
às perguntas
12)
Como são constituídas as fibras musculares?
13)
Quais as principais fibras musculares que você
conhece?
14)
Qual o tipo de exercício físico que
consome mais energia?
15)
Qual o papel do exercício físico no
tratamento e controle da obesidade?
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