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Revista de Gastroenterologia da Fugesp - DOENÇAS PEPTICO-ULCEROSAS E SUAS VARIANTES
Nov/Dez-1999

ENDOSCOPIA EM AÇÃO

HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA PÓS-ERRADICAÇÃO DAS VARIZES ESOFÁGICAS

Dr. Shinichi Ishioka
Chefe do Serviço de Endoscopia
do Hospital das Clínicas da FMUSP

O tratamento endoscópico das varizes esofágicas através das diversas técnicas disponíveis é método consagrado, na atualidade, tanto para a fase aguda da hemorragia quanto na prevenção de outros episódios. Apesar dos bons resultados obtidos, seja no período imediato ao procedimento endoscópico ou na fase tardia quando se completa o tratamento com o desaparecimento dos cordões varicosos, pode ocorrer esporadicamente algum episódio de sangramento inesperado.

Embora esteja comprovado amplamente pela experiência de vários autores que a recidiva hemorrágica tardia é causada, na maioria dos casos, pela ruptura de cordões varicosos neoformados, excepcionalmente outras causas inusitadas podem determinar sangramento esofágico.

A imagem endoscópica apresentada (veja fig. 2) é de paciente submetido a tratamento escleroterápico convencional com várias sessões de erradicação dos cordões varicosos há mais de dois anos. Apresentou melena importante repentinamente e ao exame endoscópico foram detectadas as evidências de escleroterapia pregressa, sem varizes evidentes e ulceração superficial recoberta por camada de fibrina.

Em vista da ausência completa de outros focos compatíveis como causa do sangramento no estômago e no duodeno, foi mantida conduta de tratamento clínico com boa evolução. Desta maneira, apesar do consenso de que a maioria dos sangramentos pós-escleroterapia ocorra por conta de novos cordões varicosos e para tanto são recomendados exames periódicos de controle a cada 6 ou 12 meses, devem-se considerar outras possibilidades raras, possíveis de provocar sangramento digestivo nestes pacientes. Entre as diversas hipóteses etiológicas da ulceração observada no presente caso, que aqui não podem ser confirmadas, devem-se considerar as possibilidades de úlcera péptica por refluxo ou decorrente de tromboembolismo localizado.

fig.2 - Aspectos endoscópicos do esôfago distal com varizes
arradicadas e ulceração isolada com características benignas.
(Dr. Shinishi Ishioka)

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