ENDOSCOPIA
EM AÇÃO
HEMORRAGIA
DIGESTIVA ALTA PÓS-ERRADICAÇÃO
DAS VARIZES ESOFÁGICAS
Dr.
Shinichi Ishioka
Chefe do Serviço de Endoscopia
do Hospital das Clínicas da FMUSP
O
tratamento endoscópico das varizes esofágicas
através das diversas técnicas disponíveis
é método consagrado, na atualidade,
tanto para a fase aguda da hemorragia quanto na prevenção
de outros episódios. Apesar dos bons resultados
obtidos, seja no período imediato ao procedimento
endoscópico ou na fase tardia quando se completa
o tratamento com o desaparecimento dos cordões
varicosos, pode ocorrer esporadicamente algum episódio
de sangramento inesperado.
Embora
esteja comprovado amplamente pela experiência
de vários autores que a recidiva hemorrágica
tardia é causada, na maioria dos casos, pela
ruptura de cordões varicosos neoformados, excepcionalmente
outras causas inusitadas podem determinar sangramento
esofágico.
A
imagem endoscópica apresentada (veja fig. 2)
é de paciente submetido a tratamento escleroterápico
convencional com várias sessões de erradicação
dos cordões varicosos há mais de dois
anos. Apresentou melena importante repentinamente
e ao exame endoscópico foram detectadas as
evidências de escleroterapia pregressa, sem
varizes evidentes e ulceração superficial
recoberta por camada de fibrina.
Em
vista da ausência completa de outros focos compatíveis
como causa do sangramento no estômago e no duodeno,
foi mantida conduta de tratamento clínico com
boa evolução. Desta maneira, apesar
do consenso de que a maioria dos sangramentos pós-escleroterapia
ocorra por conta de novos cordões varicosos
e para tanto são recomendados exames periódicos
de controle a cada 6 ou 12 meses, devem-se considerar
outras possibilidades raras, possíveis de provocar
sangramento digestivo nestes pacientes. Entre as diversas
hipóteses etiológicas da ulceração
observada no presente caso, que aqui não podem
ser confirmadas, devem-se considerar as possibilidades
de úlcera péptica por refluxo ou decorrente
de tromboembolismo localizado.
fig.2
- Aspectos endoscópicos do esôfago distal
com varizes
arradicadas e ulceração isolada com
características benignas.
(Dr. Shinishi Ishioka)
|