BOCA
I - AFTAS - "APHTA VULGARIS"
A afta da mucosa oral é
uma lesão vesiculosa de etiologia desconhecida. A vesícula
rompe-se, de modo que a afta é vista mais frequentemente como uma
ulceração de pequena profundidade, quase rasa, arredondada,
de fundo amarelado e orla avermelhada. São pequenas crateras de
orla enantematosa. São bastante dolorosas. O diâmetro médio
das úlceras é da ordem de 5 mm. A lesão tem um curso
de 10 a 14 dias para recuperação da mucosa, sem cicatriz.
Enquanto parte delas seguem seu trajeto para cura, outras podem estar
eclodindo e a estomatite pode ser prolongada e, eventualmente desaparecem
até novo surto. Desde o aparecimento da colonoscopia, lesões
comparáveis passaram a ser vistas nos colons, também denominadas
aftas. A tendência atual, em termos fisiopatológicos, é
de grupar as aftas orais entre as vasculites.
DIAGNÓSTICOS PARALELOS OU DIFERENCIAIS
A SEREM LEMBRADOS
Gengivo-estomatite herpética aguda. O herpes apresenta-se como
vesículas mais resistentes, geralmente menores, conglomeradas.
O herpes, causado pelo "Herpes virus hominis", é tratado, com sucesso,
pelo aciclovir.
Doença de Behçet - talvez fosse melhor dizer que a doença
de Behçet pode apresentar aftas, embora existam aftas independemente
da doença de Behçet. A doença de Behçet caracteriza-se
por úlceras aftosas orais, úlceras genitais e inflamação
ocular.
Doença de Chron - As aftas podem ocorrer na doença de
Chron, podendo favorecer o diagnóstico presuntivo.
Doença Celíaca e diabetes insulino-dependente As aftas
podem acompanhar a doença celíaca e a doença celíaca,
por vezes, está ligada ao diabetes. Bom exame, de fácil
realização, sugestivo de doença celíaca
é a pesquisa de anticorpos anti-endomísio. O diagnóstico
definitivo de doença celíaca se faz pela biópsia
do delgado. Fica lembrado que a doença celíaca além
de sua apresentação típica, com má absorção
e esteatorréia, pode assumir apresentações atípicas,
tipo atraso do crescimento, anemias, aftas , etc...
AIDS - A afta está presente nesta moléstia com relativa
frequência . Nestes casos, tem sido usado no tratamento da afta,
a talidomida.
CORRELAÇÕES ETIOPATOGÊNICAS
- A etiologia da afta vulgar é desconhecida.
- Trata-se, muito provavelmente, de um tipo de vasculite.
- Pode acompanhar Doença Celíaca, Doença de Chron,
AIDS, e condições anêmicas e disturbios gastrointestinais
passageiros.
- A Estomatite Aftosa Recorrente (E.A.R.) é a forma mais comum
sem outra condição "satélite" conhecida, constituindo-se
em uma doença inflamatória em si mesma.
- Pode acompanhar deficiências imunológicas humorais
( deficiências de imunoglobulinas).
- C.M.V.( citomegalovírus) pode ocasionar aftas.
- Na criança devem ser lembrados os enterovírus não
pólio: coxsackie vírus A, coxsackie vírus B,
echovírus e enterovírus.
ORIENTAÇÃO TERAPÊUTICA
- Procurar o diagnóstico.
- Xilocaína gel local antes das refeições.
- Aplicação de agentes secativos como calamina ou glicerina
+ peróxido de carbamina; formular: ácido crômico
2,0 gramas + água destilada q.s. 20 gramas.
- Tratando-se de virose, usar os antiviróticos apropriados.
- Corticóides tópicos em orabase.
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