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MÉTODOS DIAGNÓSTICOS DE INFECÇÃO PELO HELICOBACTER PYLORI
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Revista de Gastroenterologia da Fugesp - MÉTODOS DIAGNÓSTICOS DE INFECÇÃO PELO HELICOBACTER PYLORI
Maio/Jun-2002

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM GASTROENTEROLOGIA

Cláudia Pinto Marques Souza de Oliveira
Médica Pesquisadora e Chefe do Grupo de
Nutrologia da Disciplina de Gastroenterologia da FMUSP
Nidia Pucci - Nutricionista e Pesquisadora

O estado nutricional de um indivíduo repercute decisivamente no curso de qualquer patologia, seja ela infecciosa, inflamatória, cirúrgica ou neoplásica, desempenhando papel relevante na morbo-mortalidade do paciente.

A desnutrição e os desvios nutricionais ocasionam redução da imunidade e conseqüente aumento do risco de infecções, hipoproteinemia e edema, redução da cicatrização de feridas, aumento do tempo de internação e conseqüente aumento dos custos hospitalares, entre outras conseqüências.

Particularmente nas doenças do trato digestivo, a desnutrição se agrava ainda mais em virtude de ocuparem o sistema de absorção e digestão. A avaliação nutricional minuciosa pode identificar e combater a desnutrição, minimizando seus efeitos nocivos.

A história clínica e nutricional de pacientes desnutridos portadores de doenças gastrointestinais deve englobar:

  1. Avaliação de fatores relacionados à redução da ingesta, como anorexia e suas possíveis causas, presença de disfagia, causas que expliquem náuseas ou vômitos, doenças associadas, presença ou ausência de fístulas digestivas, presença de diarréia, saciedade precoce, estado psicológico do paciente e sensação de bem estar.
  2. Verificação de hábitos dietéticos, enfatizando a qualidade e quantidade dos alimentos ingeridos pelo paciente.
  3. Quantificação da perda de peso. Perdas de peso menores do que 10% em seis meses não acarretam conseqüências importantes; por outro lado, perdas de peso entre 10% a 35% podem suscitar catabolismo intenso.

O exame físico nutricional engloba o exame físico geral e o exame direcionado para identificar sinais de desnutrição. Deve-se verificar o estado de consciência, mobilidade, sinais de depleção nutricional (diminuição do tecido subcutâneo e da massa muscular), pele e fâneros (pele seca, descamativa, pigmentada; edema; lesões; equimoses; unhas quebradiças; cabelos secos, amarelados, sem brilho), língua, lábios e dentes (queilite, glossite, perda das papilas linguais, fissuras labiais e cáries).

A escolha da técnica de rastreamento nutricional e do método de avaliação nutricional a ser utilizado nas doenças gastroenterológicas deve atender os seguintes pré-requisitos: facilidade de execução e custo, adequação à população atendida, inserção na rotina do hospital, fornecimento de dados mínimos necessários para a identificação de pacientes desnutridos ou em risco nutricional e identificação dos pacientes que necessitam de aporte nutricional suplementar à dieta.

As técnicas para rastreamento englobam métodos diretos e indiretos de avaliação nutricional. Os métodos diretos incluem:

  1. A avaliação por meio de anamnese dietética e entrevista com o paciente para obtenção de dados e informações referentes a condições de alimentação (deglutição, mastigação, digestão), melhor via para alimentação (oral, enteral), patologias associadas, hábito intestinal.
  2. Exame físico geral e nutricional em que se possa identificar sinais clínicos de desnutrição, dados antropométricos [peso, altura, índice de massa corpórea (IMC), prega cutânea do tríceps (PCT), circunferência do braço (CB) e circunferência muscular do braço (CMB)], devendo ser realizado de acordo com técnicas e por profissional treinado para a obtenção das medidas.
  3. Dosagens laboratoriais que reflitam o estado nutricional (hemoglobina, hematócrito, proteínas totais e frações, contagem total de linfócitos e transferrina sérica). Outros métodos diretos mais sofisticados e complementares de avaliação nutricional englobam: a avaliação corpórea por bioimpedância, técnica usada para determinar a massa magra (músculos, ossos e vísceras) e massa gorda (tecido gorduroso) do organismo e a densitometria óssea. A calorimetria indireta determina o gasto energético basal do paciente e pode ser utilizada para monitorização do aporte calórico da terapia nutricional. Estes métodos são mais dispendiosos porque utilizam equipamentos especiais.

A antropometria é uma técnica amplamente difundida na prática clínica, pois depende de equipamentos de fácil manejo e apresenta resultados confiáveis. Em nosso meio, os dados antropométricos de pacientes acamados são de difícil obtenção porque grande parte dos hospitais não dispõe de camas-balança. Nessas situações, a avaliação da estatura é estimada por métodos indiretos.

As estimativas de peso e altura têm sido utilizadas através das fórmulas de Chumlea, que se baseiam em medidas segmentares tais como as medidas de ossos longos, circunferências das panturrilhas e dos braços e a mensuração da prega cutânea sub-escapular.
Os métodos indiretos são amplamente utilizados na prática clínica, num questionário que leva em conta uma pontuação e classificação do estado nutricional em função dos dados obtidos da história e do exame físico; como exemplo, citamos a avaliação nutricional subjetiva global (ANSG) elaborada por Detsky.

Parâmetros nutricionais freqüentemente utilizados na prática de avaliação nutricional

A - Classificação do estado nutricional segundo o IMC

Baixo peso < 18,5 IMC = peso atual (kg) / altura2 metros)
Eutrofia 18,5 - 24,9  
Sobrepeso 25 - 29,9  
Obesidade classe I 30,0 - 34,9  
Obesidade classe II 35,0 - 39,9  
Obesidade classe III > 40,0  

B - Medidas antropométricas

Medida Homens Mulheres
Prega cutânea do tríceps 12,5 mm 16,5 mm
Circunferência do braço (CB) 29,3 cm 28,5 cm
Circunferência muscular do braço (CMB) 25,3 cm 23,2 cm
CMB - CB (cm) - {0,314 x PCT mm}    

C - Estimativa de peso

Fórmula de Chumlea e cols, 1987:
Homens: (1,73 x CB) + (0,98 x CP) + (0,37 x PCS) + (1,16 x AJ) - 81,69
Mulheres: (0,98 x CB) + (1,27 x CP) + (0,4 x PCS) + (0,87 x AJ) - 62,35
CB = circunferência do braço (cm) / CP = circunferência da panturrilha (cm)
PCS = prega cutânea subscapular (mm) / AJ = altura do joelho (cm)

D - Estimativa de altura

Homens = [63,19 - (0,04 x idade)] + (2,02 x altura do joelho em cm)
Mulheres = [84,88 - (0,24 x idade)] + (1,83 x altura do joelho em cm)

E - Hemoglobina (g/100ml)

 
normal
moderadamente reduzido
gravemente reduzido
Homens
> 14
13,9 - 12
< 12,0
Mulheres
< 12
11,9 - 10,0
< 10,0

F - Hematócitro (%)

 
normal
moderadamente reduzido
gravemente reduzido
Homens
> 44
43 - 37
< 37
Mulheres
< 38
37 - 31
< 31

Quadro 1 - Classificação do estado nutricional considerando os cinco parâmetros autropométricos e bioquímicos.

Medidas / estado nutricional
normal
desnutrição leve
desnutrição moderada
desnutrição grave
% Perda de peso em 6 meses
% Peso ideal (PI)
-------
> 90%
-------
90-80%
10%
80-60%
>10%-
< 60%
% PCT
> 90%
90-80%
80-60%
< 60%
%CMB
> 90%
90-80%
80-60%
< 60%
Albumina (mg/dL)
> 3,5
3,5 - 3,0
3,0 - 2,1
< 2,1
Transferrina (mg/dL)
> 200
200 - 15
150 - 100
< 100
Linfócitos (mm3)
> 1.500
1.500 - 1.200
1.200 - 800
< 800

Blackburn e cols (1977).
Os valores limites estão expressos em porcentagem ou números absolutos.

Balanço Nitrogenado
O balanço nitrogenado consiste no cálculo da diferença entre o nitrogênio ingerido e o excretado, permitindo avaliar o estado catabólico ou anabólico. Balanço nitrogenado negativo cronicamente indica evolução clínica desfavorável.

Balanço nitrogenado (BN) = nitrogênio ingerido (NI) - nitrogênio excretado (NE) (BN = NI - NE), em gramas.

(NI) = proteínas ingeridas + proteínas infundidas / 6,25
6,25 porque a proteína tem 16% de nitrogênio (100:16 = 6,25).

(NE) = N urinário uréico (24h) + N urinário não-uréico + N fecal + N pele + N sonda nasogástrica + N fístulas
N urinário não-uréico (NUNU) = N uréico urinário (NUU) X 0,2
N urinário uréico (NUU) = uréia urinária de 24 horas x 0,47
N fecal = 1 a 2g/dia sem diarréia
N pele = 0,1 a 0,49/m2/dia

Ou, simplificadamente:
NE = [uréia urinária de 24h (g) x volume urinário de 24h (L)] x 0,47 +4g

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