GERD
- ERRADICAR OU NÃO O HELICOBACTER PILORY NA ESOFAGITE DE REFLUXO?
A
comunidade científica está inteiramente de acordo em que o Helicobacter
pylori, sobretudo as cepas CagA, estão ligados à doença péptica
ulcerosa, ao linfoma gástrico e mesmo ao câncer. As metaplasias e o
esôfago de Barrett incluem-se no mesmo problema.
A questão
pendente na literatura e na pesquisa é esta: deve-se ou não se deve
erradicar o Helicobacter pylori no GERD?
Essa
questão, de elevado interesse cientifico e de grande importância prática,
complica-se ainda mais com suspeitas, no mundo das ciências, de haver
relação inversa entre a colonização pelo Helicobacter pylori no estômago
e a GERD. Ou seja, suspeita-se sem comprovação definitiva
de que a erradicação do Helicobacter pylori possa favorecer o GERD.
Essa hipótese tem por pano de fundo, a seu favor, o fato de o GERD estar
em ascendente prevalência nos países de melhor condição sócio-econômica,
onde o combate ao Helicobacter pylori é maior e a contaminação entre
pessoas é menor.
Convém
registrar, entretanto, pesquisas que concluem o contrário, afirmando
que a erradicação do Helicobacter pylori não favorece nem beneficia
o GERD já instalado. Particular menção a propósito desse assunto merecem
as pesquisas de Moayyed P. et al., publicadas no Gastroenterology de
2001.
Os
pesquisadores citados seguiram 93 pacientes portadores de GERD
Helicobacter pylori positivos, em que se erradicou o Helicobacter
pylori, e compararam-nos com outro grupo, randomizados, também portadores
de GERD Helicobacter pylori positivo, nos quais não utilizaram
antibióticos para a erradicação do H.P. Nesse último grupo os únicos
medicamentos usados foram os Ppis.
A erradicação
do HP foi demonstrada, nesse estudo, pelo teste expiatório da uréia
¹³C.
Resultados
obtidos após a suspensão das medicações em ambos os grupos, durante
12 meses:
- A GERD reincidiu
em ambos os grupos na ordem de 83%.
Considerados
os riscos conhecidos e comprovados do Helicobacter pylori relacionados
à doença péptica, linfomas, metaplasias e câncer, estendemos que
não se deve optar pela não erradicação do Helicobacter
pylori em pacientes portadores de doença péptica acompanhada de
GERD.
Concluindo,
podemos dizer que não se fará tratamento do GERD erradicando-se
o Helicobacter pylori, e que também não há prova concreta
de que o GERD piore com a erradicação do Helicobacter pylori.
Por outro lado, os riscos a que o paciente fica exposto quando colonizado
pelo Helicobacter pylori encontram-se afastados pela erradicação
da bactéria.
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