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GERD - ERRADICAR OU NÃO O HELICOBACTER PILORY NA ESOFAGITE DE REFLUXO?
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Revista de Gastroenterologia da Fugesp - GERD - ERRADICAR OU NÃO O HELICOBACTER PILORY NA ESOFAGITE DE REFLUXO?
Nov/Dez-2001

GERD - ERRADICAR OU NÃO O HELICOBACTER PILORY NA ESOFAGITE DE REFLUXO?

A comunidade científica está inteiramente de acordo em que o Helicobacter pylori, sobretudo as cepas CagA, estão ligados à doença péptica ulcerosa, ao linfoma gástrico e mesmo ao câncer. As metaplasias e o esôfago de Barrett incluem-se no mesmo problema.

A questão pendente na literatura e na pesquisa é esta: deve-se ou não se deve erradicar o Helicobacter pylori no GERD?

Essa questão, de elevado interesse cientifico e de grande importância prática, complica-se ainda mais com suspeitas, no mundo das ciências, de haver relação inversa entre a colonização pelo Helicobacter pylori no estômago e a GERD. Ou seja, suspeita-se sem comprovação definitiva de que a erradicação do Helicobacter pylori possa favorecer o GERD. Essa hipótese tem por pano de fundo, a seu favor, o fato de o GERD estar em ascendente prevalência nos países de melhor condição sócio-econômica, onde o combate ao Helicobacter pylori é maior e a contaminação entre pessoas é menor.

Convém registrar, entretanto, pesquisas que concluem o contrário, afirmando que a erradicação do Helicobacter pylori não favorece nem beneficia o GERD já instalado. Particular menção a propósito desse assunto merecem as pesquisas de Moayyed P. et al., publicadas no Gastroenterology de 2001.

Os pesquisadores citados seguiram 93 pacientes portadores de GERD Helicobacter pylori positivos, em que se erradicou o Helicobacter pylori, e compararam-nos com outro grupo, randomizados, também portadores de GERD Helicobacter pylori positivo, nos quais não utilizaram antibióticos para a erradicação do H.P. Nesse último grupo os únicos medicamentos usados foram os Ppis.

A erradicação do HP foi demonstrada, nesse estudo, pelo teste expiatório da uréia ¹³C.

Resultados obtidos após a suspensão das medicações em ambos os grupos, durante 12 meses:

  • A GERD reincidiu em ambos os grupos na ordem de 83%.

    Considerados os riscos conhecidos e comprovados do Helicobacter pylori relacionados à doença péptica, linfomas, metaplasias e câncer, estendemos que não se deve optar pela não erradicação do Helicobacter pylori em pacientes portadores de doença péptica acompanhada de GERD.

    Concluindo, podemos dizer que não se fará tratamento do GERD erradicando-se o Helicobacter pylori, e que também não há prova concreta de que o GERD piore com a erradicação do Helicobacter pylori. Por outro lado, os riscos a que o paciente fica exposto quando colonizado pelo Helicobacter pylori encontram-se afastados pela erradicação da bactéria.

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