COLONSCOPIA
COM MAGNIFICAÇÃO:
SUA IMPORTÂNCIA NAS PATOLOGIAS COLORRETAIS
A
neoplasia colo-retal é uma das mais freqüentes em indivíduos
em idade adulta, decorrente da interação de fatores genéticos,
dietéticos e ambientais, sendo prontamente curável quando
diagnosticada em fase precoce.
Testes
e exames relativamente simples estão disponíveis para
esta finalidade, sendo recomendada na maior parte dos guidelines a realização
de pesquisa anual de sangue oculto nas fezes e sigmoidoscopia flexível
em indivíduos com mais de 50 anos, assintomáticos e sem
outros fatores de risco.
Entretanto,
indivíduos de alto risco podem, periodicamente, se beneficiar
de exames completos do cólon, sendo a colonoscopia o método
de eleição, permitindo não só a visualização
de sua superfície de forma completa, como também a obtenção
de material para exame anátomo-patológico, caso alguma
alteração seja encontrada.
Recentemente,
a colonoscopia com magnificação da superfície colônica
tem permitido a análise imediata da superfície mucosa
através da observação do padrão de aberturas
das glândulas, podendo esta imagem ser atualmente ampliada em
até 170 vezes, bem mais do que dispúnhamos nos primeiros
exames realizados em 1975 por Tada et al (10x).
Esta
técnica consiste na identificação da lesão
suspeita (durante o exame colonoscópico com magnificação),
na retirada do muco da superfície desta lesão por lavagem
com água e aspersão de corante sobre a mucosa em questão
(cromoendoscopia).
Obtém-se
deste modo um melhor contraste da área suspeita, definindo melhor
sua forma e extensão, facilitando sua análise pela magnificação
e favorecendo a obtenção de material mais representativo
para a biópsia.
À magnificação, busca-se observar o aspecto dos
óstios das glândulas da mucosa colônica (pit pattern),
os quais guardam significativa correlação com o aspecto
histopatológico das lesões.
Pode-se assim classificar
estas aberturas em cinco padrões principais:
- Tipo I - aspecto
normal, com óstios arredondados, pequenos, medindo de 0,07
+ 0,02 mm de diâmetro, podendo variar discretamente de tamanho
e forma conforme o sítio estudado. Pode ser também observado
em lesões inflamatórias ou hiperplásicas.
- Tipo II - abrange
óstios mais largos (0,09 + 0,02 mm), de aspecto papilar ou
estelar. É o padrão característico das lesões
hiperplásicas.
- Tipo III S -
óstios tubulares ou arredondados, diminutos (0,03 + 0,01 mm),
encontrados em lesões deprimidas, cancerosas, freqüentemente
associados ao Tipo V.
- Tipo III L -
óstios tubulares ou arredondados, largos (0,22 + 0,09 mm),
típicos das lesões adenomatosas protrusas. Podem ser
encontrados em adenomas benignos (lesão sem dimorfismo glandular
visível).
- Tipo IV - óstios
com formas variáveis, sulcos, giros, irregulares, de aproximadamente
0,93 + 0,32 mm, freqüentemente encontrados em lesões elevadas
ou protrusas, sendo o aspecto em coral típico do tumor viloso.
- Tipo V - óstios
de superfície irregular ou desestruturada, típicos do
carcinoma avançado ou submucoso. Deve ser feito diagnóstico
diferencial com erosões ou ulcerações naquelas
lesões menos características.
Atualmente, existem
duas áreas de investigação endoscópica onde
a colonoscopia com magnificação associada à cromoendoscopia
tem demonstrado maior utilidade:
- Na distinção entre pólipos
adenomatosos e não-adenomatosos.
Este método propiciou uma sensibilidade de 81%, especificidade
de 82% e valor preditivo negativo de 88%, permitindo uma distinção
mais precisa entre pólipos e neoplasias. (Dados fornecidos
pelo estudo multicêntrico de Kim et al, publicado em 1998).
- Na avaliação da intensidade
da Retocolite Ulcerativa.
(pelo número de abertura de criptas e alterações
das mesmas, conforme publicado por Matsumoto et al em 1997).
Deste modo, atualmente
pode-se dizer que a colonoscopia com magnificação endoscópica
de imagens associada à cromoendoscopia é um método
promissor na identificação e análise de lesões
suspeitas, facilitando a obtenção de material histológico
mais representativo, e até mesmo auxiliando em relação
à necessidade (ou não) de biópsia de uma determinada
região da mucosa.
Novos campos de estudo para esta técnica estão nas alterações
esofágicas encontradas no esôfago de Barret e nas alterações
da mucosa intestinal encontradas nas síndromes disabsortivas.
A Imagem do Número" ilustra a endoscopia por magnificação,
que é também aplicável às porções
altas do tracto digestivo e não apenas ao cólon. |