Hiperesplenismo é um quadro em que, havendo esplenomegalia, ocorre queda no número de elementos figurados do sangue, em virtude do aumento do volume do baço.
O baço aumentado e congestivo é condição básica do conceito acima, mas não há necessariamente relação entre o grau desse aumento do baço e o hiperesplenismo. Isso quer dizer que baços relativamente pouco aumentados podem também ocasionar hiperesplenismo.
A queda numérica dos elementos figurados do sangue pode atingir todas as linhagens celulares (pancitopenia) ou pode ser setorial. Se houver pancitopenia, haverá queda de glóbulos vermelhos, de glóbulos brancos (leucopenia) e de plaquetas (trombocitopenia).
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Leucopenia e granulocitopenia podem ser predominantes?
Sim. A leucopenia pode ser acentuada, abrangendo todos os tipos de células brancas ou pode ser seletiva, predominantemente ou quase exclusiva do setor neutrofílico, por exemplo.
Como se comporta a linhagem plaquetária?
As plaquetas estão comumente reduzidas em número, permanecendo, na maioria das vezes, entre 50.000 a 140.000 por ml.
Há situações, entretanto, em que a trombocitopenia é intensa, limitando ou impossibilitando biópsias, tipo biópsia de fígado. Nestes casos, existe o recurso de se realizar transfusão de plaquetas.
Quais as moléstias que mais frequentemente causam hiperesplenismo?
Hipertensão portal por cirrose, por esquistossomose mansônica, por trombose de veia porta ou veia esplênica. Esplenomegalias de outras etiologias, entretanto, ocasionam também o hiperesplenismo.
Como se apresenta o mielograma?
Costuma mostrar celularidade aumentada, com hiperplasia eritróide e mielóide. Os megacariócitos estão normais ou pouco aumentados.
Além da avaliação clínica, como podem ser avaliadas as dimensões do baço de modo não invasivo?
Através da ultra-sonografia, podem-se avaliar as dimesões do baço com boa acurácia. Dois métodos são de importância:
- Medida do maior diâmetro do baço, tomado-se por referência o maior eixo longitudinal do rim esquerdo. A normalidade situa-se entre 11 e 12 cm.
- Medida da área do baço, obtida através dos contornos do orgão. A maioria dos aparelhos de ultra-sonografia contam com automaticidade de cálculo de área. A normalidade situa-se entre 50 e 60 cm2.
Qual o tratamento?
Geralmente, a situação é contornada em função da doença de base. Em casos especiais, devidamente estudados, pode-se chegar à esplenectomia que reverte o quadro.
As causas do hiperesplenismo são bem conhecidas?
Não. Essencialmente duas correntes interpretativas são citadas na literatura:
- Que o baço aumentado sequestra e destrói as células, como que exercendo uma função fisiológica exagerada.
- Que o baço produziria substâncias supressoras da proliferação celular na medula.
O que é síndrome de Banti?
Pensou-se, após as descrições de Banti (1898) que houvesse doença primária do baço, no hiperesplenismo.
Atualmente, embora ainda se fale na síndrome de Banti, representa-se a mesma por hepatopatia crônica, hipertensão portal, esplenomegalia e, com frequência, anemia, leucopenia ou pancitopenia.