ENDOSCOPIA
EM AÇÃO
PONTOS
A PONDERAR NO EXAME ENDOSCÓPICO |
Dr.
Shinichi Ishioka |
O
exame endoscópico bem conduzido é seguro
e não agressivo
Nestes
últimos 30 anos, o exame endoscópico
passou a ser a primeira opção como método
propedêutico para esclarecimento das queixas
digestivas, substituindo quase totalmente o exame
radiológico contrastado. Esta inversão
ocorreu em consequência do enorme desenvolvimento
em relação aos equipamentos endoscópicos,
que permitem diagnósticos diretos e imediatos
bem como de sua aplicabilidade em várias partes
do aparelho digestivo.
Desta
forma, assim como a indicação do exame
endoscópico vem sendo cada vez mais generalizada,
o número de endoscopistas também vem
aumentando progressivamente e, na conjuntura atual,
grande parte dos pacientes ainda o desconhecem e são
influenciados por informações errôneas
de que o método édoloroso, muito incômodo,
enfim horroroso.
Afortunadamente,
grande número de pacientes que tiveram necessidade
de se submeter ao exame, desde que realizado adequadamente,
referem como o procedimento foi inócuo, sem
desconforto e extremamente útil para o diagnóstico
do seu problema digestivo. Considerando o aumento
constante e progressivo de médicos que se interessam
e passam a se dedicar a endoscopia, iniciamos aqui
comentários referentes à metodização
da técnica, comentários esses que terão
prosseguimentos nos próximos números
da revista.
Alguns requisitos são necessários para
a realização do tal exame bem feito,
geralmente a maior preocupação recai
sobre as qualificações do especialista
e dos equipamentos, pré-requisitos mínimos
para o bom atendimento do paciente.
Para
tanto, sempre é útil lembrar da importância
do preparo, da escolha do instrumental e sobretudo
da técnica da realização do exame.
Neste
comentário, serão enfatizados sucintamente
o preparo e a introdução do endoscópico,
tempos estes do exame que são críticos
para o sucesso do mesmo.
PREPARO
DO PACIENTE
Quanto
ao preparo, além das orientações
para o período de jejum e outros cuidados,
é fundamental que os pacientes recebam informações
adequadas quanto ao procedimento. Este expediente
poderá ser iniciado através de profissionais
preparados, desde o momento do agendamento e durante
as avaliações clínicas, até
pouco antes do exame, procurando desmistificar o temor
e os comentários negativos daqueles que passaram
por experiências ruins e sem tais cuidados.
Ao
médico endoscopista cabe apenas reforçar
estas idéias no momento do seu atendimento,
enquanto se fazem as avaliações dos
antecedentes, do estado clínico e se planejam
o preparo medicamentoso e os aspectos técnicos
do exame a realizar. Nos dias de hoje, felizmente,
pode-se dispor de vários medicamentos quanto
à sedação ou até anestesia,
de tal maneira que se consegue programar a intensidade
desses recursos, atendendo-se à situação
de cada paciente.
O
adequado conhecimento dos medicamentos em uso e dos
que o paciente já utilizava são fundamentais.
Esta sedação deve ser feita pelo próprio
examinador ou sob estrita vigilância dele, quando
necessário auxiliado por anestesista e, conforme
o caso, com monitoração cardíaca
e medidas de saturação de oxigênio.
PASSAGEM
DO ENDOSCÓPIO
A
etapa seguinte é a introdução
do endoscópio que é tão importante
quanto a anterior, pois a tranqüilidade do paciente
durante o exame depende dessas duas etapas.
Para
que esta manobra seja bem sucedida, é necessário
que se atente para alguns itens fundamentais, tais
como a suavidade e destreza nos movimentos efetuados
pelo examinador, o nível da sedação
utilizada e do tipo de endoscópio em uso.
O
manuseio do equipamento para que a introdução
seja suave, exige do endoscopista treinamento adequado,
pois além dos movimentos cuidadosos e específicos
é importante a identificação
das estruturas anatômicas e também das
patologias próprias deste segmento (Fig. 1).
Em relação a estas afecções,
recomenda-se para todo endoscopista que tenha conhecimentos
básicos de anatomia, de fisiologia e das patologias
faringolaríngeas.
Ainda quanto ao manuseio do equipamento, deve-se lembrar
que, atualmente, utilizam-se endoscópios de
observação frontal predominantemente
para as esôfago-gastro-duodenoscopias e os de
visão lateral para as gastroduodenoscopias.
Estes últimos são habitualmente introduzidos
com manobras diretas e sem a identificação
das estruturas por onde se passa com o aparelho, implicando
em treinamentos e cuidados.
GRAUS
DE SEDAÇÃO
Quanto
ao grau de sedação e passagem do aparelho,
deve-se considerar que quando se opta por sedação
leve ou moderada, existe sempre certa reação
por parte do paciente, mesmo que anestesiado localmente
durante o exame, pois a região faringolaríngea
é muito sensível ao toque do aparelho.
Desta forma, estando o paciente sedado, porém
consciente, o médico, com palavras calmas e
seguras, pede a colaboração do mesmo,
buscando relaxamento e solicitando movimentos de deglutição,
sincronizados com a introdução do aparelho,
pois, do contrário haveria sério desconforto
a tornar um exame tranqüilo em agressivo. Em
casos de sedação maior, os cuidados
gerais, inclusive quanto à saturação
de oxigênio, serão devidamente observados
(veja figuras 1 e 2).
Para
finalizar, estas são as recomendações
básicas e iniciais para que se faça
um exame endoscópico bem feito o que só
será possível quando o mesmo é
executado por endoscopista bem preparado.
Fig.1- Introdução delicada do aparelho
através de bocal.
Fig.2- Visão anatômica. Destacando-se
as aritenóides e os seios piriformes.
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