RELATIVO AO PROGRAMA APRESENTADO EM 06/11/2006 NA TV CULTURA (Alcoolismo)
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Dr. Artur Guerra |
Prof. AA Laudanna |
Dra. Esther Laudanna |
Alcoolismo
O alcoolismo refere-se ao alcoolista, também chamado de alcoólatra. É a pessoa escrava do álcool, dependente física e psiquicamente dele. A dependência física e psíquica correspondem, na falta do álcool, aos sintomas de abstinência, que se representam pelos distúrbios físicos e psíquicos que o dependente apresenta quando lhe falta o álcool. A dependência está ligada a causas familiares, sociais, relativas à personalidade, e mesmo genéticas, como se verificou em estudos de gêmeos criados separadamente. Outros distúrbios neuropsíquicos, inclusive a esquizofrenia, vinculam-se também a causas genéticas. O exemplo dos pais, a indução pelos amigos e a imaturidade da pessoa e do caráter abrem caminho para a dependência alcoólica que é um dos mais graves males da humanidade. O alcoolismo relaciona-se à irresponsabilidade, aos crimes, à violência bem como à dregadação pessoal e desestruturação da família, com grave dano para os filhos. O álcool é tóxico e é encontrado na forma de bebidas fermentadas e destiladas, tendo sido o primeiro psicotrópico da humanidade, altamente prejudicial, comentou o Prof. Laudanna. Além desse resumo, é preciso lembrar que o álcool abre caminho para outras drogas e as acompanha. Diversos órgãos são afetados pelo álcool, pondo-se em primeiro lugar o cérebro, que responde pelas alterações neuropsíquicas e chega a quadros graves, à demência, aos tremores musculares, ao coma e à morte. O fígado padece fortemente alcançando a cirrose; o pâncreas é vítima de pancreatites com toda a sua gravidade; o estômago, intestino e coração também são afetados pelo álcool.
Acidentes de trânsito, crimes e álcool
O indivíduo, e cada vez em idade mais jovem, vai entrando, sem perceber, na grave condição de dependente, comentou o Dr. Artur Guerra, fundador do GREA , pertencente ao Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (GREA=Grupo de Estudo de Alcoolismo e Drogas da FMUSP). Os jovens não percebem que já estão presos ao álcool, sendo freqüente a negação, dizendo “eu só bebo socialmente”, foram ainda os comentários do Dr. Artur Guerra. O alcoolista na direção de autos é um perigo, donde a oportunidade do uso obrigatório do bafômetro. Esse aparelho permite estimar a quantidade de álcool presente no sangue através do ar expirado. Claro está que o policial se defrontará com dificuldades muitas vezes intransponíveis a exemplo da encenação do soprar sem o fazer. O máximo tolerável na legislação brasileira é de 0,6 gramas por litro de sangue. De fato, o indivíduo adulto que tenha 0,37gr por litro de sangue pode comportar-se como normal (intoxicação não aparente); entre 0,37 e 1,5gr/litro já se encontram transtornos tóxicos e neuropsíquicos e de risco, com gravidade maior ou menor. Permanece bem entendido que a gravidade aqui diz respeito aos terceiros, como no modo de guiar seu carro e pelas modificações de comportamento. A condição alcoólica oscila da alegria à violência, à tristeza e ao descaso sobre si mesmo. O bêbado tem de regra mais que 1,5gr/litro de álcool no sangue, sendo que a dose mortal está compreendida entre 3 a 4,5gr/litro e o coma entre 3 a 3,76gr/litro, falando sempre do adulto. O Dr. Artur Guerra alertou enfaticamente os jovens, que cada vez mais se complicam pelo caminho do álcool. Disse que existem grupos de apoio como o GREA já citado, além dos Alcoólicos Anônimos e outros. Nas fases de transição, à medida que a intoxicação alcoólica aumenta, a pessoa fica loquaz (fala demais), a mulher chora, contam segredos...O jovem sente que “se não beber, não está calibrado” comentou ainda o Dr. Artur Guerra.
A criança e a vida social
O álcool pode agravar doenças, como a hipertensão arterial e o diabetes. O bebê e mesmo o feto em gestação são prejudicados pelo alcoolismo da mãe, comentou a Dra. Esther Laudanna que é pediatra e nutróloga. Na luta pela vida, no dia a dia, é comum que se crie a seguinte situação: a pessoa trabalha de segunda a sexta e começa a beber na sexta, ingerindo mais álcool, talvez para descansar e julgando que esteja livre de efeitos tóxicos. Não é assim: na segunda-feira está mal, trabalha com grande esforço, começando a melhorar na terça para refazer o ciclo a partir da sexta-feira. Outro aspecto é do alcoólatra na família e sua relação com os filhos e a esposa, das conseqüências de tudo isso, da violência doméstica, da imoderação da fala e assim por diante...