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 Relativo ao Programa Apresentado em 04/09/2006 na Tv Cultura (Bactéria do estômago)
RELATIVO AO PROGRAMA APRESENTADO EM 04/09/2006 NA TV CULTURA
(Bactéria do estômago)
 

Prof. AA Laudanna

Dra. Esther Laudanna

Prof. AA Laudanna

Dra. Esther Laudanna
 
 
O que é a bactéria do estômago?

O que o povo tem denominado bactéria de estômago é uma infecção do estômago ou do duodeno que pode causar úlceras, gastrites e câncer. Ela foi reconhecida em 1983 por dois pesquisadores australianos, Warren e Marshall, que conquistaram o Prêmio Nobel em medicina em 2005, por essa descoberta. A bactéria é denominada Helicobacter pylori. É vista ao microscópio, pode ser cultivada em laboratório e mesmo pesquisada indiretamente por outros métodos, comentaram o Dr. Laudanna e a Dra. Esther.
 
O que é úlcera e quais os sintomas?
 
As úlceras do estômago ou do duodeno são verdadeiras feridas no revestimento interno do estômago e do duodeno, cujo revestimento é denominado mucosa gastroduodenal. As úlceras podem ser benignas ou malignas, sendo que as úlceras benignas são chamadas úlceras pépticas. Elas ocorrem onde haja secreção do suco do estômago, que é uma secreção ácida. A bactéria Helicobacter pylori sabe defender-se desse ácido e assentar-se sobre mucosa do estômago, causado doenças através das suas toxinas. A pessoa que sofre do estômago pode ter dor na região que se denomina epigástrio, região essa a que o povo denomina como área do estômago, dizendo comumente “ eu tenho dor de estômago”. Na verdade essa região que representa o estômago nem sempre acusa doença do estômago, embora não mais das vezes isso seja verdade. De fato cólicas da vesícula podem doer na mesma área, o infarto do miocárdio, o pâncreas, entre outras doenças e órgãos, podem causar dor na região referida. É comum que a pessoas tenham queimação, denominada pirose pelos médicos. O Helicobacter pylori é transmitido de pessoa a pessoa, não se sabendo bem como se dá essa transmissão. Essa bactéria coloniza o estômago ao redor de 50% das pessoas com mais de 40 anos, e não necessariamente em todas elas causa úlcera. Quando a pessoa tem úlcera, a bactéria é causa dessa úlcera em 80% das úlceras pépticas do estômago e quase de todas as úlceras duodenais. Além de dor, queimação, a pessoa pode apresentar complicações maiores como hemorragias, com vômitos de sangue ou perda de sangue escuro, digerido, pelas fezes. As complicações das úlceras hoje são pouco vistas, exatamente pelo conhecimento do Helicobacter pylori que é combatido como uma infecção através de antibióticos associados a medicamentos que bloqueiam a secreção ácida, geralmente tomados durante 10 dias. Essas úlceras se curam e o indivíduo não precisa prosseguir com a medicação. Em estudos por nós orientados no Hospital das Clínicas, em pacientes revistos após 10 anos, apenas 7 % tiveram a infecção reativada, permanecendo a grande maioria curada.
Nem toda úlcera do estômago é úlcera benigna, sendo que o câncer pode ulcerar-se. O endoscopista sabe fazer diagnóstico entre uma lesão ulcerada maligna e uma úlcera péptica benigna. Durante a endoscopia o médico observa a mucosa, desde o esôfago até o duodeno observando a cor, presença ou não de inflamações, de úlceras, de pólipos, de câncer entre as principais doenças. Esse mesmo médico fará biópsias se necessário inclusive para pesquisa de Helicobacter pylori.

Só essa bactéria causa úlceras?
 
Não, disse o Dr. Laudanna. Embora o Helicobacter pylori seja causa de grande número de úlceras, como já se disse, não podem ser esquecidos os anti-inflamatórios, tipo aspirina e outros, que causam úlcera sim, gastrites, erosões, hemorragias, etc. A Dra. Esther Laudanna salientou a importância dessa causa de úlceras e gastrites nas pessoas idosas, que em conseqüência de múltiplas dores, utilizam anti-inflamatórios largamente. Enfatizou também a Dra. Esther que as crianças são pouco atingidas, exatamente porque o Helicobacter pylori, colonizado por contaminação, ainda não atingiu o estômago, ou seja, a contaminação ainda não ocorreu. Apenas 5% das crianças estão contaminadas. Na sua experiência como pediatra, viu apenas 2 casos em que doença gástrica foi atribuída ao Helicobacter pylori. Alerta, pois, seus colegas médicos e pediatras, a continuar reconhecendo as causas mais comuns de vômitos e diarréias nas crianças, que são as infecções a distância do estômago inclusive amigdalites, o rotavírus como causa de diarréia, as otites e assim por diante. Comentou também que o Helicobacter pylori é prevalente em condições populacionais de higiene precária, em países subdesenvolvidos, onde sua incidência é maior, embora a infecção ocorra em todo o mundo, inclusive em países desenvolvidos ou em desenvolvimento.
E alimentação e úlceras?
É certo que o álcool abusado e outros irritantes gástricos são importantes, mas as dietas não têm a importância que se dava no tratamento das úlceras. O tempo do leite de duas em duas horas, já passou. Atualmente a tendência é de não fazer dieta nenhuma, só evitar abusos que fazem mal a toda a gente. Tratada a causa da úlcera, com utilização certa de medicamentos, e erradicado o Helicobacter pylori, se for o caso, afastados os anti-inflamatórios, a dieta deve ser normal.
O tratamento da úlcera é essencialmente clínico e curativo. São raras as situações em que se devam praticar procedimentos cirúrgicos, excetuado, é claro, o câncer.
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