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Jornal de Gastroenterologia

PÂNCREAS

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I - ADENOCARCINOMA DE PÂNCREAS- PARTE I

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O adenocarcinoma pancreático permanece um desafio à medicina. Embora se tenha avançado substancialmente com relação a métodos diagnósticos de imagem (em especial com o advento da ressonância nuclear magnética)e marcadores tumorais, não houve melhora nos índices de cura nos últimos anos de modo significativo. Vários são os fatores que contribuem para o mau prognóstico, porém caberá ao médico estar atento ao diagnóstico, lembrar-se do pâncreas, evitando que a doença progrida para estádio avançado, condição essa, na maioria da vezes, incurável. Neste capítulo do Gastroinfo, estaremos enfocando justamente a detecção precoce, que se constitui como única alternativa para a cura do paciente.

A incidência do adenocarcinoma de pâncreas em muitos países tem aumentado. Ocorre com mais frequência na sétima década. Nos Estados Unidos, é a quarta causa de mortes por neoplasia em homens (superado apenas por pulmão, intestino grosso e próstata) e a quinta em mulheres (superado somente por mama, pulmão, intestino grosso e útero). A doença ocorre mais em homens que mulheres numa proporção de 2 para 1.

ETIOPATOGENIA

A causa real do processo neoplásico permanece desconhecida. Vários aspectos ditos predisponentes, muitos deles comuns a outras neoplasias, são apontados abaixo:

  • O adenocarcinoma pancreático ocorre com mais frequência entre indivíduos tabagistas, provavelmente pela presença de nitrosaminas e produtos resultantes da combustão de hidrocarbonetos, substâncias essas sabidamente carcinogênicas.
  • A incidência é significativa entre indivíduos de baixo nível sócio-econômico.
  • O diabetes mellitus acompanha um quinto dos pacientes portadores de adenocarcinoma pancreático.
  • Alguns estudos apontam que a cafeína poderia estar relacionada ao câncer pancreático.
  • Não há aparente relação entre álcool e câncer pancreático, embora o álcool seja a causa de pancreatite crônica. É preciso lembrar, entretanto, que raros casos de pancreatite crônica com esteatorréia apresentam após algum tempo, câncer pancreático.
  • Consumo de alimentos ricos em fibras, verduras e frutas parece exercer efeito protetor, enquanto o consumo de proteínas e gorduras animais estaria relacionado ao câncer.
  • Existe nítida relação entre o adenocarcinoma pancreático e inseticidas, em especial o DDT.
  • Alterações cromossômicas e genéticas tem sido frequentemente apontadas em portadores de adenocarcinoma pancreático.

ASPECTOS ANÁTOMO-PATOLÓGICOS

Fatos essencias:

  • Cerca de 60 % das lesões estão situadas na região da cabeça do pâncreas. 20% estão localizados no corpo e outros 20% na cauda pancreática.
  • A consistência endurecida que os tumores apresentam deve-se à presença de grande quantidade de colágeno.
  • O câncer dito precoce é aquele com diâmetro médio inferior a 1,5 cm, sem disseminação, seja por contiguidade (tecidos peri-pancreáticos) seja à distância (metástases). Outra definição de câncer precoce leva em consideração a preservação da anatomia da glândula e normalidade da pancreatografia endoscópica retrógrada.
  • Não há correlação aparente entre tamanho do tumor, grau de malignidade e disseminação neoplásica.
  • 90% dos tumores culminam com compresssão extrínseca em colédoco.
  • A disseminação para linfonodos duodeno- pancreáticos anteriores, posteriores e inferiores é comum. Quando avançado, pode infiltrar veia porta, veia mesentérica superior e até, veia esplênica. Duodeno e estômago estão frequentemente envolvidos pelo tumor em estádios avançados.
  • Disseminação hematogênica ocorre principalmente para fígado e pulmão.

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